Tristano

Tristano All-Stars

20/12/18 em Artigos

O Tristano Peluqueria comemora 5 anos em 2018 e inicia uma nova fase, mais plural, engajado e sempre antenado. Nesta temporada vamos investir mais em nossa frente educacional e profissionalizante, trazendo profissionais de outros estados e destacando nossos colaboradores para tornar nosso mercado e comunidade mais relevantes.

E, periodicamente, apontamos para você o que vem chamando a atenção em nosso querido salão. Nesta edição dessa conversa, falamos um pouco sobre o Mateus Loureiro, o Méfiu, que está conosco desde o início e em breve nos deixa para seguir ares europeus. 

Méfiu deixou a faculdade de jornalismo em Niterói para vir para Curitiba

“Saí de Itapeva e fui morar em Cabo Frio (RJ), fui fazer faculdade de jornalismo em Niterói. Foi nessa faculdade que comecei a ter vontade de cortar cabelo, porque eu cortava o meu e o do meu namorado, quando tinha 17, 18 anos”, diz. A mudança não foi muito fácil, inicialmente ele não estava muito a fim, mas como o irmão já morava aqui e a família deixou Cabo Frio, ele acabou vindo para a capital paranaense e m 2005.

“Transferi a faculdade para cá e fiz Rádio e TV, mas tranquei, porque não era o que queria. Depois, fiz uma formação técnica de Design de Interiores e me formei como designer e fui trabalhar em um escritório de arquitetura, como projetista, com AutoCad e tudo. Mas nessa época a moda já fazia parte da minha vida e das minhas referências.”

 

Se tornar hairstylist foi um caminho natural

 

Quando começou, por volta de 2005/2006, o mercado não era como atualmente e havia um preconceito ainda maior com relação ao status social. “No começo, eu mesmo tinha muito preconceito com a profissão. Na época eu não queria ser hairstylist ou cabeleireiro, até porque não tínhamos muita referências. E eu tinha medo de sofrer ainda mais preconceito — aquele estereótipo da ‘bicha cabeleireira’ e tal.”

“Mas era algo que carregava comigo que vinha de outras pessoas. Quando eu decidi sair do escritório e trabalhar com isso, nos três ou quatro primeiros meses já entendi como aquilo me empoderava muito, porque tinha me encontrado. E não importa o que você faça, se você se encontrou, você é poderoso.”

No início Méfiu foi autodidata e aprendeu com grande profissionais 

“Tenho essa concepção de que fazer cursos de formação para cabeleireiro não é tão legal. É legal, mas acredito que começar como assistente em um salão grande é mais eficiente. Talvez eu não seja tão técnico ou ortodoxo, mas para mim funcionou. Trabalhei no Vimax por um ano e meio e aprendi com muita gente boa.”

“Quando estava no Vimax fiz meu primeiro curso de corte — até então era autodidata e fazia o que vinha na minha cabeça. Como as pessoas voltavam, achava que estava no caminho certo. Mas a verdade é que eu não sabia de nada.” Depois desse período, Méfiu passou um tempo em um navio, em 2010, e depois para Londres, em 2013, onde aprendeu mais sobre cortes em um estágio de observação.

 

São Paulo Fashion Week

 

Ao passar as férias em Cuba, em 2015, ele decidiu fazer coisas diferentes, depois de estar dois anos com clientes fieis no Tristano. ”Comprei uma passagem para Portugal e não sabia quanto tempo iria passar por lá, mas dedici que ia.”

Mas… antes disso acontecer, ele foi convocado para trabalhar em um dos seus sonhos: o São Paulo Fashion Week. “Conheci algumas pessoas muito importantes, que sempre admirei. E aí pensei que poderia me tornar assistente de uma dessas grandes referências na minha vida. E aconteceu mesmo, de oferecem para eu ficar, mas, como já tinha passagem marcada, fui para Portugal, onde morei por uns meses.”

Ainda assim, sua estrela precisava brilhar por aqui e ele foi chamado mais uma vez para o São Paulo Fashion Week. E ele voltou. “Fiz alguns desfiles e acabei me tornando assistente do Silvio Giorgio, que é sensacional. Ele tem 25 anos de carreira e trabalha com Gisele Bundchen, Ivete Sangalo, entre outras celebridades. E  foi com ele que fui fazer o cabelo da Demi Moore, na Colômbia.”

 

Queda e superação

 

Já em São Paulo, em 2015, Méfiu vivia o melhor momento da carreira e estava fazendo trabalho incríveis, quando, de repente, a vida lhe reservou duras, porém importantes, lições. “Quebrei o tornozelo e tive que colocar 10 parafusos, em uma recuperação que demorou sete meses, com muleta e tudo. Tive que voltar a morar com meus pais. Então, 12 anos depois, voltar a morar com o seu pai e a sua mãe, justamente quando você estava fazendo os melhores trabalhos de sua vida, é muito bizarro. É frustrante porque, na sua cabeça, você vai do topo ao chão, muito rápido.”

“Mas eu sempre falo que a gente tem que tentar ver o lado positivo das coisas. Acho que a palavra que mais resume esse tempo é ego. Tudo o que passei me ajudou muito a lidar com o ego, porque quando você está com o ego inflado, você não percebe. Acho que esses momentos também me ajudaram a ser mais resiliente, a dar um passo para trás para conseguir enxergar melhor como eu estava me comportamento pessoalmente e profissionalmente.”

 

O futuro agora é na Alemanha

 

Em fevereiro, Méfiu muda de ares com o namorado e vai morar em Berlim, começar uma nova fase da vida por lá. “Já faz um tempo que quero voltar a estudar e todas as tentativas para conciliar os horários de trabalho e de faculdade não deram certo e isso me frustrou um pouco. Não sou nem um pouco acomodado. Então, quero mesmo dar uma chacoalhada na vida. Quero aprender o alemão e fazer uma faculdade de artes, que é algo que eu já fazia antes de trabalhar muito com cabelos — estava finalizando a faculdade de Artes Visuais.”

E o que você diria para todo mundo que tanto te admira e você não vai poder levar junto? “Saiam do óbvio, busquem outras abordagens. Da mesma forma que não sou acomodado, não gosto que as outras pessoas sejam. Não passem mil anos com o mesmo corte de cabelo, procurem por coisas novas. Nosso trabalho não é apenas fazer o cabelo e sim encontrar as brechas ou amarras psicológicas que as deixam presas para libertá-las disso — deixar de ter medo e suprir suas vontades, sem se importar tanto com as outras pessoas. Empodere sua autoestima: a opinião dos outros é legal, mas a sua é a que mais vale.”

 

Achou que não ia ter pingue-pongue? Há!

  • Filme: O Silêncio dos Inocentes
  • Série: Game of Thrones
  • Animação: Sakura Card Captors
  • Livro: Harry Potter
  • Game: Zelda — Ocarina of Time
  • Música: “Baby One More Time” — Britney Spears
  • Ator: Leonardo Di Caprio
  • Atriz: Meryl Streep
  • Cantor: Michael Jackson
  • Cantora: Lady Gaga
  • Quem faria você chorar no Arquivo Confidencial do Faustão? A Leticia Tie, a Ana Gheller
  • Quem você faria chorar no Arquivo Confidencial do Faustão? O Alan (namorado)
  • E qual seria sua manchete de glória no E! Entertainment Television? “Méfiu alcança influência global com o seu trabalho de hairstylist!”

 

  • Sarita Barros (hairstylist)

Quando entrei, o Mateus não estava por aqui. O que eu mais gosto de fazer é cortar cabelo e nessa época não tinha uma referência de corte ou “daquele profissional” com o qual gostaria de me identificar. Quando ele voltou para o Tristano, me agarrei a ele, porque as clientes dele têm muito o meu perfil e o trabalho dele é o que sempre quis fazer. 

Sobre a viagem dele, ao mesmo tempo que é muito bom, para ele, também é ruim, para nós. Depois de trabalhar esse tempo junto, nos tornamos amigos, nos envolvemos com questões pessoais e profissionais, dentro e fora daqui. Isso é algo legal que acontece no Tristano, o fato do pessoal aqui ser amigo. Espero que o Mateus cresça ainda mais e é muito legal essa confiança que ele me deu aqui, para atender as clientes dele.

 

  • Galegu Gale (barbeiro e haystilist feminino)

Trabalho na área da beleza há três anos e entrei no Tristano há pouco mais de um ano. Tem sido um aprendizado do começo até hoje. O Mateus para mim é “chato” no bom sentido. Ele quer o melhor e que as pessoas façam o seu melhor. Ele é uma das bases de como fazer corte feminino e pega bastante no meu pé para que eu melhore e me incentiva bastante — é, com certeza, uma referência.

 

  • Ana Gheller (proprietária)

O Mateus não me ajudou somente como cabeleireiro mas com o salão em geral, porque eu nunca tinha trabalho com isso antes de abrir o Tristano. Então, ele me ensinou bastante a lidar com o ritmo de equipe e do próprio negócio, aprendemos bastante juntos. Ele estudou fora e, quando voltou, nunca foi egoísta, sempre compartilhou o conhecimento com todo mundo.

É comum vê-lo chamando outras profissionais para mostrar como fazer certos tipos de cortes. Acho que mesmo indo embora, quer um pedacinho dele aqui, então todas as suas técnicas e o que ele ensinou sobre o dia-a-dia de um salão foi e é muito importante. É por isso que todo mundo o ama.